É difícil ser um gandula no tênis?

No próximo Aberto da Austrália, um batalhão de 380 gandulas deve se movimentar pelas quadras, correndo de um lado pro outro para manter a partida no ritmo que ela merece. Se você pode assistir a partidas em ritmos fluentes, isso não é meramente por causa dos ataques executados pelos jogadores durante os ralis. Boa parte do crédito vai para aqueles heróis que trabalham ativamente entre dois pontos – os gandulas e as gandulas. Esse ritmo tão fluído precisa de muita prática. Nos bastidores, esses jovens passam por testes vigorosos, por seleções e treinamentos que não são menos rígidos do que exercícios militares. Confira um breve resumo da vida de um gandula, que trabalha mais duro do que você pode imaginar.

gandula no tênis

INTRODUÇÃO

Os gandulas foram introduzidos em 1920 durante o torneio de Wimbledon. Essas crianças foram escolhidas da Southwest London School e da Shaftesbury Homes. Elas não eram exatamente crianças, mas jovens que já tinham passado da puberdade. Em 1969, foi decidido que adolescentes seriam usados na seleção. As gandulas meninas apareceram pela primeira vez em 1977, em Wimbledon, mas elas deixaram sua marca na Quadra Central em 1985. O Aberto dos Estados Unidos é o único Grand Slam em que os gandulas podem ter mais de 40 anos!
A ideia básica por trás da introdução dos gandulas era reduzir o tempo entre dois pontos e manter o uso de um número selecionado de bolas de tênis em rotação. As crianças ficam posicionadas nas redes e atrás das linhas de base na direção das extremidades da quadra.

O TESTE

Antes de Wimbledon começar, cerca de 1000 crianças se candidatam para tentar a sorte de se tornar gandulas na sempre gloriosa Quadra Central e para ver seus jogadores favoritos de perto. Essas 1000 passam por um teste por escrito baseado no esporte, no qual elas têm que acertar pelo menos 80 por cento para passar. 
“Esse não é um processo fácil e elas devem ser resilientes e não levar para o pessoal.”

Um teste físico vem em seguida. As crianças passam por vários exercícios, como corrida no local, polichinelos, agachamentos, giros russos e afundos sob o sol escaldante de Londres. Esses exercícios duram 6 meses. Alguns ficam exaustos a ponto de desmaiar, ter um derrame ou ainda pior. Ao fim de seis meses, os selecionados sorriem, enquanto o restante fica triste ou até mesmo acaba em lágrimas.

Essas crianças também devem dominar a arte de “suprir” as bolas. Há duas maneiras de suprir. Uma mão segurando a bola é estendida, vem um aceno afirmativo do jogador, a bola é arremessada de modo a quicar uma vez e pousar exatamente sobre a raquete. O outro método é quando o gandula pega três bolas em sua mão, vai até o jogador e simplesmente coloca as bolas de tênis na raquete do jogador. As crianças também precisam ser espertas o suficiente para julgar as preferências do tenista com relação a como a bola deve ser suprida. 

Além de suprir, tem uma coisa conhecida como “rolamento de precisão”. Isso é quando as crianças são ensinadas a passar a bola umas para as outras, e essa é uma parte essencial da rotação das bolas em jogo. Além disso, a arte de rolar a bola pela grama verdejante não só colabora para a suavidade do esporte, como também eleva seu decoro e sua disciplina.

“O programa de treinamento tem que ser duro porque há um enorme elemento de confiança envolvido e nós temos que ter certeza de que eles poderão fazer seu trabalho sem distrair os tenistas.”
Em outros Grand Slams, há anúncios que entram no ar e candidatos que tentam a sorte de acordo. Ficar de pé, se manter atento para apanhar uma bola que é sacada a 200 km/h, levar toalhas e água para os jogadores sempre que necessário são algumas coisas pequenas, porém importantes envolvidas. Sendo assim, concentração, vigor e boa forma são os três fatores principais que precisam ser considerados num BBG, como eles também são chamados.

Na quadra, esses garotos aplicam todo o seu treinamento e são constantemente observados por seus supervisores. Esses supervisores, no fim da partida, julgam o grupo de seis BBG, que recebem uma nota que vai até 5. O menor erro cometido por eles pode afetar suas chances de continuar como BBG no torneio.  

O SOLDADO

Ser um BBG definitivamente é uma honra, considerando o processo pelo qual eles passam. 14 horas de trabalho duro na quadra é mais do que apreciável. Esses jovens, que podem ter de 10 a 17 anos, levam um toque de paixão e curiosidade em seus olhos. O desespero para conhecer seus jogadores favoritos, para conseguir seus autógrafos, um click ocasional com uma lenda, uma esplêndida apanhada com uma mão e os aplausos; ser um BBG é pura alegria. Mal sabem os espectadores o quanto essas crianças suam para alcançar essa pequena alegria na vida.

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