Homens não ranqueados que venceram Roland Garros
No tênis, um Grand Slam é um palco onde 2000 pontos estão um jogo num campo composto por 128 jogadores. Na maioria dos casos, os jogadores ranqueados têm melhores chances de levar o título. No entanto, se um jogador ranqueado se retira no começo do torneio, além de perder muitos pontos, ele abre caminho para que jogadores não ranqueados levem alguns pontos na bagagem e saltem várias posições no ranking.
Em sua rica história de 127 anos, houve apenas três ocasiões em que um homem não ranqueado levantou o troféu em Roland Garros.
1) Mats Wilander
O ex-Nº. 1 do Mundo e sete vezes campeão de Grand Slams no simples Mats Wilander tinha apenas 17 anos quando ele jogou em Roland Garros. Esse era apenas o terceiro torneio de Grand Slam que ele disputava. Bjorn Borg, o sueco ex-Nº. 1 do Mundo defendia seu título, mas não entrou no torneio de 1982.
Wilander havia vencido o Aberto da França como um juvenil em 1981 e agora se via diante do segundo colocado da chave, Ivan Lendl, na quarta rodada. 5 sets depois, Wilander chocou o mundo do tênis com sua vitória em cima de Lendl e avançou para as quartas de final, onde ele enfrentaria o quinto ranqueado, Vitas Gerulaitis. Foi mais uma partida onde a performance estupenda de Wilander o levou ao triunfo sobre Gerulaitis com parciais de 6-3, 6-3, 4-6 e 6-4.
Outra vitória em 4 sets nas semifinais sobre o quarto ranqueado, Jose Luis Clerc, significava que Wilander estava a apenas uma vitória de ganhar seu primeiro slam e de ser o jogador mais jovem a ganhar um Major.
Ele enfrentou o terceiro ranqueado Guillermo Vilas na final. Vilas dominou o primeiro set, vencendo por 6-1. No entanto, o jovem sueco venceu os três sets seguintes com parciais de 7-6, 6-0 e 6-4 para conquistar o Aberto da França. No World Fair Play Awards, Wilander levou o troféu Pierre de Coubertin. Isso porque Wilander teve o ponto do campeonato a seu favor, mas o árbitro da cadeira não tinha muita certeza. Wilander pediu para que o ponto fosse reiniciado e celebrou somente depois de conquistar um ponto limpo e justo.

2) Gustavo Kuerten
Em 1997, um brasileiro de 1, 91 metro venceu um torneio Challenger em Curitiba. Imediatamente, na semana seguinte, Gustavo Kuerten estava disputando em Roland Garros. Duas vitórias depois, ele se viu enfrentando o quinto ranqueado da chave, Thomas Muster. Em cinco sets extremamente desgastantes, Kuerten derrotou Muster com parciais de 6-7, 6-1, 6-3, 3-6 e 6-4. Depois de outra vitória em cinco sets na quarta rodada, Kuerten encarou o atual campeão Yevgeny Kafelnikov nas quartas de final. Kuerten levou o primeiro set por 6-2.
Mas Kafelnikov se recuperou vencendo os dois sets consecutivos e parecia que o russo não perderia o ritmo agora. Kuerten jogou um dos melhores sets de sua carreira e aplicou um bagel em Kafelnikov para forçar o set decisivo. Kuerten venceu a partida depois de vencer o set final por 6-4. Ele venceu um qualificado nas semifinais numa partida de 4 sets, e depois enfrentou o décimo sexto ranqueado da chave Sergi Bruguera.
Kuerten estava em plena forma e venceu sua primeira final de slam por três sets a zero. Kuerten ainda venceria em Roland Garros mais duas vezes, em 2000 e 2001. Mas a vitória de 1997 foi a mais especial para o Guga, pois ele se tornou o terceiro jogador de ranking mais baixo a vencer um slam.
A vitória do brasileiro também é o único caso de um jogador que venceu um Challenger e um Grand Slam em semanas consecutivas. Kuerten entrou para o Top 20 do ranking após o seu título no Aberto da França de 1997. Três anos depois, ele se viu no topo do ranking.
3) Gastón Gaudio
Gastón Gaudio entrou em Roland Garros em 2004 como o número 44 do ranking. Ele enfrentou três argentinos a caminho da conquista de seu único título de Grand Slam. Na primeira rodada, ele derrotou o compatriota Guillermo Cañas depois de cinco sets e depois encarou mais um jogo de cinco sets contra Jiri Novak na segunda rodada, avançando para a terceira. Ele venceu Thomas Enqvist após quatro sets na terceira rodada. Ele entrou na quarta rodada para enfrentar Igor Andreev, que havia derrotado o atual campeão Juan Carlos Ferrero na segunda rodada. Daqui em diante, ele não perderia mais nenhum set até a final.
Nas quartas de final, ele derrotou o decimo segundo ranqueado Lleyton Hewitt. Nas semifinais e nas finais ele teve que derrotar dois companheiros argentinos para conquistar o título. Primeiro, ele derrotou David Nalbandian por três sets a zero, e então teve que enfrentar o terceiro ranqueado da chave, Guillermo Coria, na final. Antes do torneio, Coria era um sério favorito ao título. Coria dominou o primeiro set e não permitiu que Gaudio ganhasse um único game. Ele deu continuidade vencendo o segundo set por 6-3. Gaudio voltou para o jogo, vencendo os dois sets seguintes por 6-4 e 6-1.
No set decisivo, Coria teve mais de um ponto do campeonato na mão, mas os desperdiçou, dando sobrevida a Gaudio. Gaudio venceu o set final por 8-6, tornando-se o primeiro homem a vencer uma final de slam final após ter perdido o primeiro set por 6-0. Ele também se tornou o primeiro tenista na Era dos Abertos a salvar um match points na final e vencer um Grand Slam. Gaudio entrou para o Top 10 do ranking pela primeira vez em sua carreira e nunca mais avançaria para além da terceira rodada de um slam pelo resto de sua carreira.