Só havia um tour de tênis antes da ATP?
Uma temporada inteira de tênis que dura o ano todo é controlada por um circuito em particular. Esse circuito mantém a estrutura meticulosa dos torneios que serão disputados em períodos específicos no ano. Atualmente, a Associação dos Profissionais do Tênis (ATP) gerencia o tour masculino. Mas a ATP nem sempre foi o órgão dirigente. Já houve várias entidades principais no cenário da gestão dos tenistas e dos torneios dos quais eles participavam.
1) Federação Internação do Tênis de Grama (ILTF)
Em 1911, o tênis de grama se tornou um esporte popular com a Copa Davis já tendo completado uma década. Vários jogadores de diferentes países participavam de torneios de tênis e tudo indicava que uma associação desses países seria exatamente a necessidade do momento. Foi Charles Duane Williams quem previu esse conceito. Infelizmente, Duane Williams morreu no naufrágio do Titanic e sua ausência foi muito sentida quando sua ideia proposta se tornou realidade. Em 1º de março de 1913, 15 nações se uniram para formar a ILTF.
Foi só dez anos depois que a Associação de Tênis de Grama dos Estados Unidos se juntou à ILTF. O título de “Campeonatos Mundiais” foi removido dos nomes dos principais torneios. Mas eles foram substituídos por novos torneios que foram realizados na Grã-Bretanha, EUA, França e Austrália – os Grand Slams modernos. A partir de 1924, a ILTF se tornou a autoridade oficial a controlar os torneios de tênis de grama globalmente. Em 1977, a palavra “grama” foi removida de seu nome, assim se transformando na “Federação Internacional de Tênis” (ITF).
2) World Championship Tennis (WCT)
O WCT foi um dos torneios rivais mais competitivos ao lado da ILTF. O WCT foi estabelecido por David Dixon em 1967. O WCT trouxe os melhores jogadores para o seu contrato no começo dos anos setenta. Esses jogadores eram popularmente conhecidos como os “Handsome Eight” – Dennis Ralston, John Newcombe, Tony Roche, Cliff Drysdale, Earl Buccholz, Niki Pilic, Roger Taylor e Pierre Barthes. Em julho de 1970, o WCT tinha praticamente todas as outras grandes estrelas do tênis assinando seus contratos.
A ILTF e o WCT entraram em conflito exatamente um ano depois. A ILTF votou para banir todos os contratos de profissionais do WCT que disputaram torneios da ILTF. O WCT tinha seu próprio sistema de ranking. Os oito melhores jogadores competiam num Campeonato de fim de ano em novembro. Esse padrão é seguido pela ATP atualmente. A relação do WCT com o circuito Grand Prix e a ILTF era instável porque eles raramente concordavam. Em 1989, os últimos torneios do WCT foram realizados.
3) National Tennis League (NTL)
Um dos principais motivos que levaram a Era dos Abertos a entrar em cena foi o fato de os profissionais terem assinado contratos com dois circuitos diferentes – com o WCT e com a NTL. Esses dois circuitos tentaram estabelecer seu monopólio não enviando seus jogadores contratados para os eventos de Grand Slam. Isso atrapalhou o funcionamento da ILTF. A divisão entre profissionais e amadores alcançou o ápice em 1967. No ano seguinte, a Era dos Abertos nasceu, permitindo que profissionais jogassem com amadores.
A NTL foi um circuito que começou em 1967. George MacCall, o capitão da equipe americana da Copa Davis de 1965 a 1967, estabeleceu a fundação da NTL. Ela basicamente controlava o circuito que era composto por torneios dentro dos EUA. A NTL foi o primeiro circuito a firmar contratos profissionais com tenistas mulheres. Na categoria masculina, Rod Laver, Ken Rosewall, Pancho Gonzales, Andres Gimeno, Fred Stolle, Arthur Ashe, Stan Smith e Roy Emerson foram os jogadores proeminentes. Em 1970, a NTL foi vendida para o WCT que era gerido por Lamar Hunt na época.
4) Circuito US Indoor
Em 1973, havia quatro circuitos de tênis que competiam entre si. O circuito WCT, o circuito Grand Prix, o European Spring e o Circuito US Indoor. O Circuito US Indoor era realizado de janeiro a abril. O circuito era comandado por Bill Riordan, que viria a se tornar o futuro dirigente de Jimmy Connors. O torneio foi sancionado pela USLTA. Ele durou apenas alguns meses, mas realizou 13 torneios nesse curto período de tempo.
5) European Spring
O circuito European Spring começava em janeiro e durava até julho. O circuito sofreu um duro golpe quando seus dez melhores jogadores foram perdidos para o World Team Tennis. Visando recuperar o dinheiro perdido, Geoff Mullis, que geria o Grand Prix para conseguir patrocinadores, aumentou o prêmio em dinheiro 30 vezes. 43 por cento desse prêmio foi enviado para a Europa. Ilie Nastase foi o jogador mais bem-sucedido nesse circuito.
6) Circuito Grand Prix
Quando os jogadores assinaram contratos com a WCT e a NTL, os torneios frequentemente se viam privados de jogadores. Em 1969, Jack Kramer, o jogador Nº. 1 nos anos 1940 e 1950, teve a ideia do circuito Grand Prix.
“Uma série de torneios com um prêmio em dinheiro acumulado que seria dividido com base num sistema cumulativo de pontos. Isso encorajaria os jogadores a competir regularmente na série, assim eles poderiam dividir o bônus no final e se qualificar para um torneio especial que seria o clímax do ano.”
Em 1970, a ILTF aprovou a ideia de Kramer do circuito Grand Prix. Ben Barnett foi anunciado como seu presidente. O Aberto dos Estados Unidos, o Aberto da França e Wimbledon eram eventos do Grand Prix. O Aberto da Austrália fazia parte do WCT. O Grand Prix era governado pelo Conselho Internacional de Tênis Profissional Masculino, que posteriormente se tornou o Conselho de Tênis Masculino.
Em 1988, Mats Wilander, que liderava a ATP na época e era o Nº. 1 do Mundo começou a negociar com o Grand Prix. Os principais pontos incluídos eram a fadiga dos jogadores e a redução do número de torneios. O Grand Prix discordava de Wilander e anunciou que a ATP iniciaria seu próprio tour no ano seguinte. Assim, o Grand Prix foi dissolvido em 1989.