O que levou à formação da ATP?
44 anos atrás, Jack Kramer, o Nº.1 do Mundo dos anos 1940 e 1950, teve a ideia de uma associação de tênis que ninguém tinha pensado. Ele buscou auxílio de Donald Dell e Cliff Drysdale e estabeleceu a Associação de Tênis Profissional (ATP).
A ideia por trás das ATP era muito boa, mas ela carecia de suporte financeiro para que ela se tornasse a entidade suprema do circuito de tênis. Como resultado, a ATP teve que se juntar com a Federação Internacional de Tênis (ITF) e com o Conselho Internacional de Tênis Profissional Masculino (MIPTC).
O MIPTC monitorou e governou o circuito de tênis de 1974 a 1989. Apesar de sua longa gestão, os jogadores estavam descontentes com os eventos exaustivos e desorganizados que eles tinham que disputar. A voz dos jogadores ganhou volume em 1986. Os oficiais perceberam que o cenário atual não era aceitável.

“Os jogadores se queixavam por não ter uma voz igualitária na gestão do esporte e eles também procuravam por uma maneira melhor de promover um jogo que parecia estar sendo mal promovido.”- Brian Gottfried
Desde que Kramer fundou a ATP em 1972, ele não recebeu o reconhecimento que ele merecia por mais de uma década. O que os jogadores e as pessoas não sabiam na época era que um homem de 42 anos estava prestes a revolucionar o tênis. Ele havia se juntado à ATP como seu Diretor Executivo em 1987. Ele serviu como Chefe de Estado da Casa Branca no mandato de Jimmy Carter. Hamilton Jordan entrou e estava pronto para implementar a sua criação – O ATP World.
“Muito embora houvesse várias pessoas qualificadas, Hamilton impressionou a todos nós com sua apresentação. Ele obviamente tinha feito o dever de casa e tirado um mês para fazer visitas e entrevistar muitas pessoas proeminentes na indústria do tênis. Ele falou com agentes, executivos de televisão, diretores da ITF, dos Slams, de torneios e com jogadores e ele nos mostrou uma apresentação sequencial com os passos que ele daria e uma linha do tempo para que sua visão fosse concluída. Nós imaginamos que se ele podia encontrar um jeito de lidar com a política do Meio-Oeste, então ele seria capaz de cuidar do mundo do tênis.”- Harold Solomon
Para entender as necessidades dos jogadores e superar as atuais organizações governantes, o mundo do tênis precisava da coragem de uma pessoa com a combinação perfeita de conhecimento político e conhecimento do tênis global. Hamilton Jordan era a pessoa perfeita.
“Ele via aquilo como uma campanha política, em vez de uma função administrativa. Pouco tempo depois de assumir a função, ele falou com os melhores jogadores, ex-jogadores, Ray Moore e Charlie Pasarell, que, embora fossem diretores de torneios na época, tinham grande experiência. Hamilton tinha a noção de que o tênis não era o grande esporte que ele deveria ser. Ele tinha a noção de que ele deveria ser gerido como o PGA Tour [golfe], e ele tinha a noção de que os jogadores deveriam se libertar e começar seu próprio tour. Ele geriu a coisa toda como uma campanha política. Construindo eleitorado, deixando eles empolgados com sua visão. Aquilo definitivamente tinha uma atmosfera de campanha.”- Brad Harris
O primeiro grande passo de Jordan foi convencer e persuadir os jogadores a deixar a MTC e se juntar à ATP. Ele garantiu aos jogadores que eles receberiam descanso o suficiente entre os torneios e que seria dado mais poder e mais dinheiro a eles. Que político!
Durante a temporada das quadras de grama de 1988, Hamilton tentou acalmar a situação entre os jogadores e a organização. Em vão. O próximo ataque de Hamilton veio dois dias antes do Aberto dos Estados Unidos daquele mesmo ano. Jogadores o suficiente haviam concordado em montar o circuito ATP. Muitos deles haviam rompido com a MTC. Aproveitando-se disso, Hamilton ameaçou a MTC dizendo que a ATP cortaria relações a menos que os jogadores tivessem mais controle. Os jogadores assinaram essa petição. Mas foi a ITF, a avó de todas as organizações de tênis, que cancelou a petição.
O movimento desesperado final de Hamilton veio durante o Aberto dos Estados Unidos. Exceto por Jimmy Connors e Ivan Lendl, oito dos melhores jogadores da época haviam respondido com uma afirmação para se tornarem membros integrais da ATP.
Hamilton decidiu dar uma coletiva de imprensa. O lugar que ele selecionou foi um estacionamento. Os oficiais da USTA estavam prontos para dar uma sala para ele, mas Hamilton recusou. Provavelmente, ele pensou em tornar a coletiva icônica.
“A conferência foi ‘suficientemente’ organizada para fazer parecer real, mas ela também tinha um ar de rebelião, um ar autenticidade.”- Tim Mayotte
Na manhã da coletiva, a IBM sugeriu ser a patrocinadora se o tour chegasse a ser finalizado. Um palanque foi imediatamente trazido e o logotipo da ATP foi colado nele com fita adesiva. Momentos depois, Hamilton entregou seu discurso “Tênis numa encruzilhada”. Ricardo Acuña, Russell Barlow, Charlie Beckman, Dan Goldie, Tim Mayotte, Paul McNamee eram alguns dos jogadores que testemunharam o discurso realizado do lado de fora dos portões principais do Aberto dos Estados Unidos. Ao final do discurso, 16 dos 20 melhores jogadores concordaram em se juntar à ATP.
“Nós pedimos que eles assinassem um contrato, mas o engraçado é que ninguém tinha uma caneta. Então todos tiveram que assinar com lápis.”- Brad Harris
Hoje em dia, em qualquer um dos grandes torneios de tênis você vê as palavras ATP TOUR estampadas na rede. As estatísticas e, às vezes, o tempo que denota a duração do torneio são fornecidos pela IBM. Se não fosse pela visão de Hamilton Jordan, nós jamais teríamos um calendário meticuloso de eventos de tênis e os direitos e poderes que foram concedidos aos jogadores.